Novas Comunidades Católica são algo novo que vem acontecendo na Igreja Católica. O Espírito Santo sopra como quer, em alguns momentos da igreja ele suscita homens e mulheres a fazer a diferença, isso é comprovado em diversos momentos da história da igreja.
Como declarou o Papa João Paulo II, sobre as novas comunidades: “As flores e os frutos dessa Primavera podem ser vistos, sobretudo, nos Novos Movimentos e nas Novas Comunidades de Vida e de Aliança, envolvendo especialmente os jovens, que deixam tudo, os prazeres do mundo, a família, para servir a Deus unicamente.”
Assim, é notório e inegável que uma das grandes obras que o Espírito Santo tem feito na Igreja, nos últimos quarenta anos, como frutos, sobretudo da Renovação Carismática Católica [RCC], são as Novas Comunidades de leigos e consagrados, que se multiplicam a cada dia. Só no Brasil já são centenas dessas comunidades, algumas de vida, outras de aliança, e muitas com as duas opções.
Comunidade Voz de Deus (Breve resumo): As Novas Comunidades nasceram de grupos de oração da Renovação Carismática Católica, portanto, trazem características da espiritualidade da RCC, ou seja, o uso dos carismas e dons do Espírito Santo, espontaneidade da oração, cânticos, danças, louvores.
São formadas, por sua maioria de fiéis católicos leigos. A Voz de Deus como a maioria das novas comunidades é fruto da RCC, na década de 90, alguns membros do Grupo de Oração Nossa Senhora do Carmo decidiram montar uma banda Católica (Elaine, Naete, Rose, Nilza, Conceição, Reinaldo, George, Luizão, Claudio, Marcos Paulo, Denílson, entre outros) reuniram-se na Igreja de Santa Terezinha na Comunidade da Vila Natal em Mogi das Cruzes, São Paulo.
Mesmo no início, membros da banda Voz de Deus já sentiam o chamado para a vida em comunidade. Durante vários anos foi referência na música Católica na Diocese de Mogi das Cruzes, em 2017 deixa de ser Banda/Ministério para se cadastrar como uma nova comunidade, e assim poder abrir suas portas para acolher outros membros dispostos a viver o mesmo carisma. Em 2018, foi realizado o primeiro acampamento e a formação dos primeiros candidatos a Comunidade Voz de Deus.
História da vida em comunidade
No decorrer dos séculos o Espírito Santo sempre suscitou na Igreja a vida comunitária, muitas vezes como uma resposta aos desafios da Igreja para o seu tempo. Podemos ver isso desde o surgimento das primeiras comunidades cristãs relatadas no Livro dos Atos dos Apóstolos.
As primeiras comunidades cristãs, na verdade constituíam o grupo dos seguidores de Jesus (Atos 1,15) de dirigentes reconhecidos (Atos 1,13) uma comunidade que realiza suas reuniões (Atos 1,15ss; 2,1; 12,12) e faz no mesmo lugar sua oração cotidiana (Atos 2,46) vivem em unânime comunhão (4,32) praticando a fé, a unidade e a partilha de bens (Atos 2,44ss; 4,32; 4,34-37; e o capítulo 5). Nas primeiras comunidades cristãs a comunhão fraterna manifesta-se externamente na aceitação dos demais, na partilha dos bens e na distribuição dos serviços. As primeiras comunidades cristãs não se fecham em si mesma, mas abrem-se a universalidade do testemunho do anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo, Morto e Ressuscitado. (Atos 2,10; 15,21).
Mas nem tudo foi fácil para a fé cristã, e as primeiras comunidade sofreram as perseguições e muitos foram mortos e transformados em mártires. Paulo foi decapitado em Roma sob Nero (reinado 54-68, com a perseguição contra os cristãos colocada entre 64-68, após o incêndio de Roma) e citando a Carta perdida aos romanos de Dionísio de Corinto (final do século II) coloca o martírio de Pedro e Paulo no mesmo dia.
A perseguição se deu sob o governo de Diocleciano e Galério, no final do século terceiro e início do quarto. Esta é considerada a maior de todas as perseguições, iniciando com uma série de quatro editos proibindo certas práticas cristãs e uma ordem de prisão do clero, a perseguição se intensificou até que se ordenasse a todos os cristãos do Império que sacrificassem aos deuses imperiais (ver: religião na Roma Antiga), sob a pena de execução, caso se recusassem.
No entanto, apesar da perseguicão aos cristãos na parte oriental do Império, seus co-imperadores do lado ocidental não seguiram fervorosamente, o que explica que cristãos da Gália, da Espanha e da Britânia praticamente não tenham sido molestados. A perseguição continuou até que Constantino I chegasse ao poder e, em 313, legalizasse a religião cristã por meio do Edito de Milão, iniciando-se a Paz na Igreja. Entretanto, foi somente com Teodósio I, no final do século quarto, que o cristianismo se tornaria a religião oficial do Império.
Isso deu origem aos primeiros Católicos não praticantes, na era constantiniana, muitos adotaram a religião do imperador, ao mesmo tempo alguns homens e mulheres decidem viver com radicalidade a vida cristã e abandonaram as cidades e as facilidades de uma igreja estabelecida, fugindo para a aridez do deserto. Nesse tempo floresceram os seguidores e seguidoras de Antão (O Pai de Todos os Monges), considerado protótipo e ícone da vida monástica. Com Pacômio nasce a vida cenobítica, a koinonia (vida comunitária).
A vida religiosa nasceu, cresceu e se desenvolveu da busca de viver como os Apóstolos e seguir cristo como descreve o Evangelho. Os três fundadores das Ordens religiosas anteriores a São Francisco (São Basílio, Santo Agostinho e São Bento) foram os organizadores deste modo de vida em comunidade. Eles coordenaram a experiência religiosa dos seus primeiros seguidores, à serviço da Igreja na pregação, educação, assistência aos doentes, vida de oração e penitência, estruturando essa experiência num contexto eclesial organizado e institucionalizado em fraternidades. Assim, nascem as instituições de religião, denominadas: instituição de religião eremítica (São Basílio); instituição de religião canonical (Santo Agostinho); instituição de religião monástica (São Bento); e mais tarde, a instituição de religião apostólica (São Francisco de Assis)..
A instituição monástica evidencia-se pela renúncia da família por causa de Cristo. Em compensação, a oferta da ajuda fraterna faz com que os seus membros dediquem-se em ser dom aos irmãos. Sustentar a fragilidade dos irmãos do mosteiro é desafio constante. O monge que recebe esse mandato, permanece como monge, mesmo tendo recebido uma missão temporária no meio do povo de Deus. Exemplo disso podemos encontrar nos monges beneditinos.
Ordens mendicantes apostólicas tornaram-se uma novidade no cenário do século XIII, são ordens religiosas formadas por frades ou freiras que vivem em conventos. Eles centram a seu apostolado na oração, na pregação, na evangelização, no serviço aos pobres e nas demais obras de caridade. Vivem então enclausurados e em comunidades austeras e relativamente fechadas.
Destacam-se algumas mulheres influentes na vida religiosa feminina e na transformação dos mosteiros. É o caso de Santa Catarina de Sena (1347-1380) e, dois séculos depois, Teresa D’Ávila (1515- 1582), reformadora do Carmelo feminino.
A vida religiosa consagrada, por muitos anos, sofreu uma transformação com o método teresiano de oração. No século XVI, várias descobertas e inovações alteram a vida social, e as navegações possibilitam o colonialismo, começa o Renascimento e o mundo moderno. Os jesuítas da Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola (1491-1556). Com missões pelo mundo e os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola.
É com o Concílio Vaticano II (1962-1965) que o leigo tem a oportunidade de mostrar seu rosto profético. Com o surgimento de “novas formas de vida evangélica”, dentre elas, os Movimentos Eclesiais e as Comunidades Novas ou podemos chamar de Novas Comunidades.
Foi também na década de 1970 que surgiram as primeiras Novas Comunidades tanto de Vida, como a de Aliança, para o mundo.
No Brasil, a primeira Nova Comunidade Católica foi a Canção Nova, fundada no ano de 1978. Novas comunidades surgem na década de 80 e, na década de 90, hoje no Brasil superam o número de 500.
A grande expressão desse fenômeno para a Igreja aconteceu em Roma, no dia 30 de maio de 1998, na Praça São Pedro, durante a Vigília de Pentecostes, com o encontro de uma multidão de 4400 mil pessoas, cerca de 60 Movimentos Eclesiais e Novas Comunidades.
O Papa João Paulo II, na memorável Vigília de Pentecostes de 1998, chamou os Movimentos Eclesiais e as Novas Comunidades de “providencial resposta do Espírito”. Isso porque, através das Novas Comunidades e Movimentos Eclesiais, leigos que se consagram a Deus a partir de um carisma e, sob o dom e a radicalidade desse carisma, vivem o seu Batismo de forma autêntica num mundo onde impera a concorrência e o individualismo.
Antes do concílio, o *CIC de 1917 era a única forma de consagração a Deus pela profissão dos conselhos evangélicos, pelo fato de terem vida em comum e os votos.
* O Código de Direito Canónico (em latim Codex Iuris Canonici; CIC)
Fundamentação
- Deus suscita no seu povo o chamado à Comunidade desde início da nossa fé.
- Nova Comunidade é uma resposta para a realidade deste tempo, sem ser melhor ou pior, que os movimentos, pastorais, congregações ou ordens, simplesmente uma forma diferente de buscar a santidade.
- Nova Comunidade está de acordo com a igreja e vem para somar, sempre respeitando a hierarquia da igreja.
- As novas comunidades criaram um papel para o leigo que antes não existia, sem deixar de lado a grande importância do Sacerdote.